Tento fazer do meu chão
minha oração,
meu medo não é tão óbvio
as vezes parece até coragem
…uma roupagem
que se disfarça.
Este mundo não é meu,
ele me perdeu,
tento reencontrá-lo
quando nos meus sonhos
me encanto por habitá-los.
Dentro dos meus olhos
tem uma vida que se fere
braços que viram concreto
e mãos que limpam o lodo
quando amanhece.
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Quando amanhece
Minha morada
Fecho os olhos e penso
que posso me esconder,
que meus olhos podem escolher
pra onde eu quero olhar
e acredito poder procurar
destinos pra seguir.
Tranco a porta e sinto
que tenho onde habitar,
que em minha morada
as grades irão me conter
e acredito poder ficar
seguro sem me ferir.
Ando pelo mundo
querendo ter
o que não deveria carregar
e vou acreditando me faltar
o que seria inútil conseguir
e que nunca poderia levar
Abro os olhos e penso
que não me iludo ao tomar
os teus olhos como os meus
como se os meus,
já não fossem os teus.
Como se o chão que tento domar
não fosse um dia, me hospedar.
Vestir você
Já não sonho.
Essa vontade de te ver
me deixa insone.
Me pego me arranhando,
sem saber o que me resta,
tudo que eu tinha
era você.
Já não gosto do sol
da chuva no telhado,
nem das andorinhas das manhãs
na nossa janela.
Não ligo as luzes, as arandelas,
para escolher as nossas roupas
combinar seus sapatos,
-vestir você
Já não canto
não faço melodias
nem pinto aquarelas
com desenho dos teus olhos.
Não mais me encanto,
nada na vida é tanto,
pra ter motivo de sorrir,
-seguir sem você.
Cada mal
Eu te quero assim, desaforada.
escapando entre meus dedos,
mandona, arredia, impaciente…
não olhando meus olhos
bêbados de amor
Eu te quero em mim, não artificial,
como qualquer defeito meu, cada mal,
como cada medo que vivo e viverei
Eu te quero com a sua dor, com seu rancor…
com tudo aquilo que me mostra
por que me encantei.
Se um dia eu quiser te ver diferente:
fuja, já não tenho certeza, fracassei
ignore meus olhos cheios de lagrimas
deixe-me só com minhas mentiras
este amor terá partido,
será hora de recomeçar.